QUARTA FEIRA DE CINZAS
O Carnaval passou e com ele muitas pessoas cometeram vários excessos,
mas não é sobre isso que iremos abordar nesse tema. Quero de fato comentar a
visão da Umbanda mais tradicional para o período pós-carnaval: a Quarta-Feira
de Cinzas e a Quaresma.
Como todos sabem, depois da festa e comemoração, ocorre a chamada
quarta-feira de cinzas. Esse dia marca o início da quaresma para os cristãos e
tem o propósito de relembrar a efemeridade da vida para todos. Na bíblia
encontramos algumas passagens onde podemos ver que são jogadas cinzas nas
cabeças das pessoas que se arrependeram dos seus pecados.
Como o carnaval é visto como a festa da carne, onde diversos “pecados”
são cometidos, a quarta-feira de cinzas seria o início do arrependimento dos
pecados cometidos nesse período. Mas nós umbandistas, não acreditamos no pecado
com o viés católico, logo seria incoerente “celebrar” tal dia, mas não é.
Apenas modificamos a sua forma e sua simbologia para nós.
É tradicional então no dia de quarta-feira de cinzas, fazer uma
defumação em casa e ao invés de jogar fora as cinzas resultantes, levá-las para
o terreiro, que geralmente tem uma gira especial para a celebração de Cinzas,
onde irão ser colocadas conjuntamente com as cinzas dos demais membros do
terreiro e utilizadas – após consagração – para CRUZAR a fronte e os punhos dos
filhos de fé.
Isso demonstra uma proteção e o início do período de preceito da
Quaresma.
A quaresma é encarada de forma diferente conforme a tradição de Umbanda
que se está inserido. O mais ordinário (comum) é ver terreiros fechando durante
esse período e não fazendo seus trabalhos. Alguns outros abrem seus trabalhos,
mas existem certas regras a serem observadas:
§ Cobrem as imagens
do Congá e o próprio Congá com um pano branco.
§ Não fazem giras de
esquerda.
§ Não tocam os
atabaques e não batem palmas.
§ Não fazem trabalhos
com entregas e oferendas.
§ Não comer carnes
vermelhas durante a quaresma toda.
E muito mais.
Dentro do que tenho observado nas minhas práticas, é um contrassenso
total não trabalhar nesse período. Justamente após os “excessos” cometidos é
quando as pessoas mais precisam de se reencontrar a sua própria
espiritualidade, não se pode virar as costas. Além disto, muita coisa acontece
em quarenta dias (ou quarenta e seis, depende da contagem), não podemos deixar
de praticar a caridade nesse intervalo. Porém, concordo com alguns aspectos, o
caso de não se fazer oferendas e entregas; assim como não se trabalhar com a
esquerda nesse período.
A casa em que trabalho, absorve esses elementos e também não tocam os
atabaques. Mas o Congá fica aberto normalmente e continua-se o atendimento
caritativo. Tudo volta a sua regularidade após da celebração de Páscoa.
Seja como for, se há ou não implicação energética nisto, devemos sempre
respeitar a tradição. As incorporações continuam a ocorrer, mesmo sem o
concurso do atabaque, que é um facilitador natural. Por um lado é até bom, pois
aqui poderemos ver quem realmente precisa ou não de uma ferramenta para
manifestação do espírito guia. Serve de uma confirmação para quem
conseguiu e um alerta para quem não conseguiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário