CHEFE DA CASA

MÃE MARIA DE CAMARGO BIOGRAFIA

  Mãe Maria de Camargo nasceu no dia 29 de outubro , contudo o ano não sabemos com precisão , estima-se que seja entre 1590 e 1592...

MÃE MARIA DE CAMARGO

"O olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho é bom, todo o teu corpo se encherá de luz. Mas se ele é mau, todo o teu corpo se encherá de escuridão. Se a luz que há em ti está apagada, imensa é a escuridão em ti." (Mestre Jesus Cristo).

FAMÍLIA

SEBASTIÃO DA MATTA 
08/05/1922 A 05/02/1973
         
        Em 1973 o dia 5 de fevereiro também caiu numa segunda feira chuvosa.

No domingo dia 4, minha tia e Lazinha, meu tio Lutero e meus primos Marco,  Chico e a Bi foram em casa. Não havia nada combinado, mas minha tia disse que levantou com vontade de fazer bacalhoada e então foi lá para casa pois sabia como meu avô gostava.
Foi um dia normal como qualquer domingo, era aniversario da Silvana nossa vizinha então fomos todos brincar após o almoço, meu tio reuniu as crianças para andar pelo mato.
Eu avô não foi conosco ele ficou em casa dizendo que iria limpar o terreno baldio do lado de casa para os bichos não entrarem no quintal e mordesse as crianças.
Quando chegamos em casa, ele já havia terminado de limpar o terreno e estava sentado segurando uma cobra na mão, alguém perguntou se ele iria matar a cobra e ele respondeu que ela também merecia viver. Então fomos com ele até perto do rio para soltar a cobra bem longe de casa.
Na segunda feira dia 5, ele foi no bar buscar pão e leite e trouxe duas panelinhas para minha avó e disse que era para ela fazer chá, à noite. Ele se arrumou para trabalhar e antes disse para minha avó não deixar ninguém judiar de mim e da minha mãe e se foi trabalhar. Esta foi a última vez que o vimos com vida.
À noite, os vizinhos chamaram dizendo que havia um homem caído na escada de casa. Todos descemos e vimos um homem negro de barba no chão, quando minha mãe o virou e aos poucos a barba branca do homem foi sumindo e a cor negra da pele foi sumindo e surgindo as feições do meu avô.
Ele morreu na rua e pai José incorporou para trazê-lo de volta para casa.
Realmente naquela noite minha avó usou as panelinhas para fazer chá para todos nós. Vê-lo deitado na cama com os pés na cabeceira da cama, usando sua camisa nova cinza e azul e calça azul, até hoje é uma das lembranças mais fortes que tenho da minha infância.
Em algum momento alguém me levou para ficar com minha mãe na varanda, enquanto o carro do IML veio busca-lo. Foi neste momento que eu vi, pela primeira vez minha mãe brigando com Deus, pois se ele não tivesse deixado Jesus morrer meu avô não teria morrido.
Foram momentos difíceis, depois dele ser levado, fui com meu pai avisar os parentes do acontecido e até hoje tenho na memória o choro das pessoas no escuro da noite.
Este som me assombrou por algum tempo principalmente quando tinha que sair de casas e passar pelo local onde o encontramos caído.
Durante seu velório, garoou o tempo todo, deixando o dia mais triste ainda e no cortejo até o cemitério o chão e os carros ficaram recobertos das florezinhas roxas das quaresmeiras que existiam pelo caminho.
Não tenho muitas fotos dele, naquela época era complicado, mas pra mim e para Ket, ele era um gigante que podia fazer qualquer coisa e sempre estava ao nosso lado.
Hoje 45 anos depois a sensação, o vazio deixado e a saudades permanecem os mesmos. Dizem que o tempo cura todos os males, eu não concordo, a gente aprende a sobreviver colocando outras coisas como prioridade na nossa vida para continuar vivendo, mas se você observar bem lá no fundo a dor, a falta e o choro permanecem iguais te lembrando de quão efêmera é a vida e a nossa felicidade

Sinto sua falta.....

Te amo!
COMO O ALEX PARECE COM MEU AVÔ

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