Vovó Carolina é uma Preta Velha Amada por todos que amam a Umbanda. Todos tem nela um exemplo de amor e caridade, pois ela própria é assim.
A senhora Carolina é uma das Pretas Velhas
mais conhecidas na história da Umbanda. Em diversos Terreiros podemos encontrar uma velha
com o mesmo nome, pois como a nossa Velha Carolina fora reconhecida e respeitada por várias gerações de negros pelos seus atos de caridade,
muitos desses negros colocavam o nome de Carolina em seus filhos para homenagear a nossa amada Vovó Carolina.
com o mesmo nome, pois como a nossa Velha Carolina fora reconhecida e respeitada por várias gerações de negros pelos seus atos de caridade,
muitos desses negros colocavam o nome de Carolina em seus filhos para homenagear a nossa amada Vovó Carolina.
Carolina era uma menina ainda quando fora tirada
da Guiné, sua terra natal. Foi trazida para o Brasil nos meados do século XVI em navios negreiros, que eram conhecidos como "Tumbeiros", e tinha
esse nome pois praticamente a metade dos negros que nele vinham, morriam antes do findar da viagem.
esse nome pois praticamente a metade dos negros que nele vinham, morriam antes do findar da viagem.
Carolina e seus pais vieram em um desses navios, e
por meses viveram amontoados nos porões imundos, repleto de cadáveres e negros adoentados, sem comida e água suficiente a todos.
A Mãe da menina Carolina, com seu jeito carinhoso,
doce e
caridoso, abraçava a menina e lhe falava baixinho:
caridoso, abraçava a menina e lhe falava baixinho:
"Não tenha medo, logo logo tudo isso vai terminar. E eu
prometo estar sempre a seu lado quando precisar."
E com essas palavras a mãe da menina a ensinava
clamar a Zambi (Deus) a Oxalá e a todos os Orixás, pedindo sempre força e fé para que assim pudesse ajudar os irmãos negros adoentados na dura jornada de luta pela sobrevivência.
E assim a menina Carolina rezava, clamava e pedia forças
a Zambi,não só para os irmãos negros, mas por ela própria, pois mesmo sendo uma criança, e sem entender muito os acontecimentos, sentia que as coisas eram ruins naquele momento, mas tinha a dor e sentimento que ainda o pior estaria por vir.
Havia muitas crianças no porão do navio que estava
a doce Carolina, e foi determinado pelos traficantes de negros que seria preservados os meninos e homens adultos não adoentados, pois esses sim valeriam muito dinheiro aos serem vendidos na chegada ao Brasil.
Mulheres e meninas não adoentadas seriam alimentadas, mas apenas uma vez ao dia e o mínimo possível, e o restante que se encontravam adoentados, seriam avaliados e se os males fossem de uma forma mais intensa, esses seriam lançados ao mar, ainda vivos.
Os cadáveres já em decomposição foram retirados dos porões e lançados ao mar.
Mulheres e meninas não adoentadas seriam alimentadas, mas apenas uma vez ao dia e o mínimo possível, e o restante que se encontravam adoentados, seriam avaliados e se os males fossem de uma forma mais intensa, esses seriam lançados ao mar, ainda vivos.
Os cadáveres já em decomposição foram retirados dos porões e lançados ao mar.
A menina Carolina rezava aos Orixás clamando que
os espíritos de seus irmãos fossem levados ao encontro de Zambi. A cada corpo retirado ela se ajoelhava rezando com seus olhos lacrimejados,
e olhando a sua mãe que desesperadamente tentava esconder a angústia por poder ser elas as próximas vítimas das maldades dos traficantes de negros. A menina a acalentava e dizia baixinho para que ela tivesse muita fé, pois Zambi não ia deixá-las morrer na viagem, pois elas teriam muitas caridades a fazer ao seu povo quando chegassem ao seu destino.
E ela dizia isso convicta, pois por muitas noites em que dormia no amontoar dos porões fétidos, a menina sonhava com uma linda negra que lhe abraçava carinhosamente, lhe dizia que ela estaria sempre protegida pela força das águas do mar, e que a cada onda que passasse levaria todas as dores, tristezas e angústias do seu corpo e de seu coração, bastaria que ela tivesse fé nos Orixás e nas forças da natureza.
E Carolina assim o fez, acreditando fielmente em seus sonhos, e aprendendo dezenas de rezas e benzeduras, assim como fazer a cura em adoentados do corpo e espírito através dos preparos com ervas, peixes, água, algas, entre tantas outras coisas que lhe fora ensinada através de seus sonhos de luz vindos por intermédio da linda negra que se fazia brilhar como os raios do Sol.
e olhando a sua mãe que desesperadamente tentava esconder a angústia por poder ser elas as próximas vítimas das maldades dos traficantes de negros. A menina a acalentava e dizia baixinho para que ela tivesse muita fé, pois Zambi não ia deixá-las morrer na viagem, pois elas teriam muitas caridades a fazer ao seu povo quando chegassem ao seu destino.
E ela dizia isso convicta, pois por muitas noites em que dormia no amontoar dos porões fétidos, a menina sonhava com uma linda negra que lhe abraçava carinhosamente, lhe dizia que ela estaria sempre protegida pela força das águas do mar, e que a cada onda que passasse levaria todas as dores, tristezas e angústias do seu corpo e de seu coração, bastaria que ela tivesse fé nos Orixás e nas forças da natureza.
E Carolina assim o fez, acreditando fielmente em seus sonhos, e aprendendo dezenas de rezas e benzeduras, assim como fazer a cura em adoentados do corpo e espírito através dos preparos com ervas, peixes, água, algas, entre tantas outras coisas que lhe fora ensinada através de seus sonhos de luz vindos por intermédio da linda negra que se fazia brilhar como os raios do Sol.
A menina Carolina, escondida da tripulação do
navio negreiro,fazia suas benzeduras nos negros doentes, se utilizava de tudo que podia para acalentar as dores de seus irmãos, e com isso foi obtendo grandes resultados.
Sua mãe bastante impressionada com os atos da
filha, decidiu então auxiliar em tudo que poderia. E assim as duas trabalhavam incansavelmente por dias e noites a fio para que os seus irmãos negros
tivessem mais uma chance de sobreviver sem as ameaças dos traficantes de escravos.
tivessem mais uma chance de sobreviver sem as ameaças dos traficantes de escravos.
Chegando em terra firme, Carolina foi levada a uma
fazenda de cana de açúcar e café no interior do Nordeste do Brasil juntamente com seus pais e centenas de outros negros.
Nessa fazenda ela viveu toda sua vida, e também
nessa fazenda que ela conheceu uma negra velha que por gostar muito da menina prometeu que a ensinaria tudo sobre rezas, benzeduras, ervas, chás, esfregaços e limpezas do corpo e da alma de espíritos sem luz, que aprendera em seus 90 anos de idade.
E assim foi feito, os anos passavam, e Carolina,
que já estava uma mulher feita, aprendera tudo que lhe foi ensinado pela negra já centenária.
Com os ensinamentos da negra, e com todas as lições que Carolina aprendeu em sonhos, ela se transformou em uma das maiores benzedeiras da região, além de encaminhadora, de parteira, de curandeira de diversos males, tanto do corpo físico quanto do espírito.
Com os ensinamentos da negra, e com todas as lições que Carolina aprendeu em sonhos, ela se transformou em uma das maiores benzedeiras da região, além de encaminhadora, de parteira, de curandeira de diversos males, tanto do corpo físico quanto do espírito.
Certa vez, Carolina já uma senhora madura, foi
chamada para fazer o parto da esposa do coronel fazendeiro, da mesma fazenda na qual ela era escravizada. Ao chegar aos aposentos da sinhá ela observou que tinha algo de errado naquela gestação. Se ajoelhou diante da cama na qual se encontrava a mulher grávida, e rezou profundamente, pedindo a Mãe Iemanjá que lhe mostrasse qual era o mal que estava ocorrendo no ventre da sua sinhá.
E assim de olhos fechados, compenetrada em seus
pensamentos, Carolina se depara com a imagem da linda Negra que ela tanto conhecia. E a bela negra diz a Carolina que estaria na hora de
realizar o parto, mas das duas vidas que estavam no ventre da sinhá, apenas uma sobreviveria, e que a partir do dia do nascimento da criança que ficaria encarnada, deveria ser contados 7 dias, e nesse
sétimo dia deveria ser feito uma limpeza de retirada de espíritos malignos e sem luz, pois eles viriam buscar a alma do recém nascido, assim como fizeram com a criança que já ia sair do ventre da mãe sem vida.
Carolina chorou, todos olharam para ela sem entender o motivo das lágrimas. O coronel a puxa pelo braço com violência. Grita, quer saber o que está acontecendo. A negra abaixa a cabeça e num sussurro diz ao coronel que no ventre da sinhá há duas crianças, uma vai sobreviver, a outra já está desencarnada.
realizar o parto, mas das duas vidas que estavam no ventre da sinhá, apenas uma sobreviveria, e que a partir do dia do nascimento da criança que ficaria encarnada, deveria ser contados 7 dias, e nesse
sétimo dia deveria ser feito uma limpeza de retirada de espíritos malignos e sem luz, pois eles viriam buscar a alma do recém nascido, assim como fizeram com a criança que já ia sair do ventre da mãe sem vida.
Carolina chorou, todos olharam para ela sem entender o motivo das lágrimas. O coronel a puxa pelo braço com violência. Grita, quer saber o que está acontecendo. A negra abaixa a cabeça e num sussurro diz ao coronel que no ventre da sinhá há duas crianças, uma vai sobreviver, a outra já está desencarnada.
O coronel desesperado manda ela fazer o parto, e
diz que se algo de ruim acontecer com as crianças ou com a sinhá, a negra irá pagar com a própria vida.
A negra Carolina faz o parto, primeiro nasce uma
menina, e logo em seguida sai o corpo inerte de um menino. Ela o retira e entrega ao coronel, dizendo que o menino já estava sem vida.
O coronel a olha com um grande ódio, e enquanto as mucamas fazem a limpeza do ambiente e da menina recém nascida, a sinhá chora a morte de seu menino, que se encontra nos braços do coronel.
Ele pega a negra Carolina pelo braço e a arrasta para fora dos aposentos da sinhá, a leva até as mãos de um feitor e ordena que a leve ao tronco e a deixe lá até morrer, mas antes a açoite sem dó nem piedade.
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